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Motivação

Nos últimos anos e tendo como base políticas ambientais, de independência energética face ao exterior, permitir uma maior diversidade da matriz energética e redução de emissões de gases com efeito de estufa, têm aparecido incentivos para o aumento de produção de energia de origem renovável ao nível das redes BT, MT e AT.

 

As diretivas da União Europeia para a sustentabilidade energética para 2020 são [1]:

  • Reduzir emissões de gases com efeito de estufa em 20% (30% se reunidas condições necessárias;

  • Obter 20% de energia a partir de fontes renováveis;

  • Aumentar em 20% a eficiência energética.

 

Em Portugal a meta fixada para a obtenção de energia a partir de fontes renováveis é de 31%, uma meta que se situa 11% superior ao mínimo da meta estabelecida pela União Europeia [2].

 

Com os diversos incentivos que são dados pelos sucessivos governos para a produção de origem renovável citados acima, verifica-se um aumento de consumidores que também passaram a ser produtores da sua própria energia elétrica (Prosumer). Estes novos consumidores/produtores têm maioritariamente instalados unidades de µG FV.

 

A produção de energia distribuída ocorre num tipo de rede que foi planeada para que o fluxo de energia tivesse um único sentido (unidirecional), que se processava das grandes centrais produtoras para os centros de consumo através de uma rede de distribuição.

Assim a introdução de unidades de µG neste tipo de redes pode originar em algumas horas do dia alteração do fluxo de energia. Esta alteração do fluxo de energia, aliadas a redes onde a resistência tem predominância face à reactância (redes resistivas) pode provocar alguns impactos, nomeadamente o aumento dos perfis de tensão. Este aumento dos perfis de tensão na rede BT limita a integração de novas unidades de µG, comprometendo o aumento de produção de energia de origem renovável.

 

Nos últimos tempos tem havido um aumento do autoconsumo doméstico com recurso a armazenamento de energia, assim parte da energia que é produzida e não é consumida pode ser armazenada em dispositivos de armazenamento e assim limitar o aumento dos perfis de tensão na rede de distribuição BT.

 

Uma das soluções que tem surgido, no sentido de minimizar os impactos que provocam na rede de distribuição BT o aumento de unidades de µG em especial as FV, são as Smart Grids (Redes Inteligentes de Energia Elétrica).

 

Estas redes representam uma nova arquitetura de gestão de redes de distribuição de energia elétrica mais segura e inteligente e o fluxo de energia elétrica e de informações se dá de forma bidirecional. Monitorizam a rede em tempo real e permitem ajustar a geração face ao consumo num dado momento. Quando aliadas a sistemas de Smart Meetering (Medição Inteligente de Energia Elétrica), permitem verificar o consumo e geração e assim ajudar na integração da energia renovável na rede de distribuição [3].

 

A produção de energia de origem renovável FV não é síncrona com o consumo originando picos de produção à hora de maior exposição solar e pouca ou nenhuma geração ao final do dia. Devido a esta baixa simultaneidade de produção/consumo os dispositivos de armazenamento de energia podem-se tornar um grande aliado para minimizar o problema do aumento do perfil de tensões nas horas de maior exposição solar.

Estes dispositivos de armazenamento têm vindo a descer de preço e assim podem vir a ser um novo recurso para facilitar a gestão da produção/consumo, aumentando assim a sua simultaneidade. Permitem armazenar energia a partir de uma determinada hora quando a produção for superior ao consumo e depois descarregar esta energia armazenada ao final do dia, quando o consumo é bastante elevado.

 

A presente dissertação visa identificar estratégias que permitam fazer a integração progressiva de dispositivos de armazenamento de energia por parte de alguns consumidores domésticos. Será avaliado qual o benefício que estes dispositivos de armazenamento de energia representam no controlo dos perfis de tensão, tendo em conta os problemas que ocorrem com a introdução massiva de unidades de µG.

© 2016 António Pedro Silva   MIEEC   FEUP

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